Se já não bastasse viajar pra Argentina, pro Uruguai,
patinar no gelo e colocar silicone, 2015 ainda vem e me surpreende com a
oportunidade de fazer uma das trilhas mais bonitas e hardcores do Brasil. E é
claro que eu fui, né? No domingo (dia 29/11), fui fazer a famosa trilha do Rio
do Boi.
Vou contar essa experiência em tópicos, pra esclarecer as
dúvidas de quem também pretende se aventurar.
Como o post acabou ficando gigante, dividi em duas partes.
Aqui eu conto sobre o Rio do Boi e como foi minha experiência. Na parte 2 eu
conto o que vestir, o que levar na mochila, como ir e qual o investimento –
confira clicando aqui.
Rio do Boi
A trilha fica no Canyon Itaimbezinho, no Parque Nacional
Aparados da Serra. Essa é uma das poucas trilhas abertas oficialmente lá no
parque, e só pode ser feita com a presença de guias. Ela é feita pela parte de
baixo dos cânions, entre paredes que chegam a mais de 700 metros de altura – o
que faz com que a paisagem lá seja de ficar de boca aberta. A natureza é toda
preservada e a fauna é rica. Acho importante ressaltar que nessa fauna rica
estão umas cobras, aranhas e escorpiões hihi. Um tempero extra ao passeio, vai?
Como é
Não vou mentir: não é fácil. O recomendado é que a pessoa
tenha um bom preparo físico, porque o negócio é pesado mesmo. Eu estava a pelo
menos 2 meses sem fazer nada de atividade física (tirando umas caminhadas
eventuais), mas resolvi encarar mesmo assim – e se estou aqui escrevendo é
porque sobrevivi, né? :P
A caminhada começa por uma travessia no meio do mato. É
subida, descida, pé na lama, bichos pelo caminho (vi uma cobra e ouvi o pessoal
gritando por causa de uma aranha das grandes) – em um percurso que dura mais ou
menos 1:30. Ah, vale lembrar que essa é a parte fácil do passeio. E mesmo nessa
“parte fácil” eu consegui bater a cabeça em uma árvore e cair um tombo que fez
eu atolar a mão no barro. Um bom lembrete do que viria pela frente.
Depois dessa parte no meio no mato, chega-se às margens do
Rio do Boi. Todo mundo fica feliz porque acha que a parte tensa terminou, mas
está apenas começando, hahaha. Por outro lado, a paisagem é de tirar o fôlego.
Indo sempre atrás do guia, segue-se pelo leito do rio, o
tempo todo pisando em pedras grandes, pequenas, pontudas, lisas, soltas,
escorregadias... É preciso ter atenção a cada passo e bastante equilíbrio.
Antes do começo da trilha o guia já alerta sobre a importância de ter cuidado
para não se machucar. É mega complicado fazer um resgate nesse lugar, por
exemplo. Por isso a trilha deve ser feita com concentração e sem nada de
manobras vida loka, tipo tentar pular ou ir rápido demais.
Além de andar pela bordinha, são feitas diversas travessias pelo
rio mesmo, com água batendo no joelho e acima dele. É aí que rola aquela tradicional
foto das pessoas em uma corrente humana, de mãos dadas. Eu achava que isso
acontecia pra foto ficar bonita e com espírito de equipe, mas é tudo real mesmo
– as pessoas se seguram e se ajudam, porque a correnteza é relativamente forte,
sem falar das pedras e buracos pelo caminho.
O trecho final da trilha é um espetáculo à parte. Aliada com
a sensação de “caramba, cheguei até aqui” está a vista fora do comum dos
cânions, das cachoeiras ao redor, uma imensidão de verde. Só se ouve a água
caindo e os pássaros. Não tem nada nada nada de lixo, é incrível. Emocionada,
entrei de mochila e tudo embaixo da água. O guia disse que muitas pessoas fazem
isso, é quase um ritual de passagem. Um batizado no Itaimbezinho.
Passada a comoção, lembrei que teria mais umas 4 horas de
caminhada de volta. Nesse momento desejei que um helicóptero da SAMU viesse me
buscar. Queria deitar na água e deixar a correnteza me levar pra casa. UHAUHAE
Como não tinha alternativa, respirei fundo, tomei meia garrafa de isotônico e
comecei a retornar.
Ah, sem desespero, gente. Vale lembrar que ao longo do
percurso são feitas algumas paradas em que o pessoal pode lanchar, descansar,
tirar fotos, se banhar nas cachoeiras ou mesmo encher garrafinhas na água do
rio, que é potável e geladíssima. Obviamente tomei água do rio. Se era para
viver uma experiência nova, que fosse de todas as maneiras possíveis. Também
nadei, boiei, mergulhei a cabeça, de roupa e tudo. É por essas e outras que
todo o esforço vale a pena.
Quer ler a segunda parte do relato? Vem que tem!
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